Já falamos no nosso Blog sobre a importância da gestão do conhecimento para as empresas.
A capacidade que a empresa tem de utilizar o conhecimento para tomar boas decisões e resolver problemas de forma assertiva faz toda a diferença.
O mundo dos negócios é o mundo das decisões. Quanto mais a empresa sabe utilizar dados disponíveis, transformando-os em informações e conhecimento útil em favor da inteligência dos negócios, melhor. Em última análise, a competência da empresa se verifica quando ela consegue criar, capturar e entregar VALOR para seus stakeholders.
Mas para produzir algo, seja um bem ou um serviço, o que faz a diferença é o conhecimento que se possui. Todos os dias consumimos produtos que não temos conhecimento nem condições de produzir. Por exemplo: não temos uma vaquinha em casa para tirarmos o seu leite. Então, é mais conveniente pagarmos pelo produto, o leite industrializado.
A decisão de fazer ou comprar é constante nas nossas vidas. Quem tem condições e conhecimento se estabelece como um produtor e vende seus produtos. Quem não pode fazer o mesmo, faz parte do mar de consumidores.
Esse é um dilema eterno entre conhecimento versus ignorância. Conhecimento no caso de deter todo conhecimento, habilidade e condições para produzir algo. A ignorância refere-se ao contrário, ou seja, a incapacidade de ser produtor.
Outro conceito importante é a tecnologia. Neste ponto convidamos você a pensar em tecnologia como conhecimento aplicado, nada mais do que isso. Assim, nos desprendemos da ideia de que tecnologia é sempre alguma invenção ou inovação impressionante, algo de última geração.
Tecnologia como conhecimento aplicado amplia a compreensão das possibilidades que o conhecimento tem de melhorar a nossa vida com soluções e inovações. Isso vale desde um lápis até um celular de última geração. Ambos resolvem problemas da sociedade em certo momento.
Aqui vale ressaltar que estamos acostumados a comprar tecnologias prontas em prateleiras. Claro que isso é legal. Mas francamente, quem nunca comprou algo achando que iria resolver o seu problema, mas não aconteceu nada disso?
Mas, se pensarmos na realidade das empresas, no dia a dia dos processos do negócio, nos defrontamos com grande quantidade de problemas que desafiam a maioria dos gestores. Empresas são sistemas complexos formados por pessoas, tecnologia, gestão e cultura. Tudo isso reunido e funcionando não é elementar.
Vamos ao ponto que interessa, o que é o “caminho do meio”? Para explicar isso, vamos a 03 cenários possíveis de decisões nas empresas.
Imaginemos que a empresa W fabrica o produto A na máquina B, operada pelo colaborador X, liderado pelo gerente Y. Para que o produto A seja entregue devidamente ao cliente, é necessário que o colaborador X e gerente Y tenham o conhecimento necessário para dar conta de todos os problemas da jornada de trabalho.
Mas, pra complicar um pouquinho, anote aí uma regra básica nas empresas: as demandas serão sempre maiores do que a capacidade. Assim, surgem os gargalos, ou seja, restrições causadas por diversas anomalias no sistema que impedem que o resultado seja o desejado, como faturamento, produtividade, etc. Isso é normal, faz parte da realidade da maioria das empresas. Dito isso, imaginemos os 03 cenários.
CENÁRIO 1 – Apagando incêndio:
Empresa W com baixa produtividade e capacidade abaixo do necessário para atender a demanda. A empresa W também não dispõe de recursos financeiros suficientes para grandes investimentos. Além disso, ela não tem o hábito de investir em treinamento e desenvolvimento de pessoas para que consiga vencer essas adversidades.
Normalmente, nessa situação, o gerente Y precisa apagar incêndios o dia inteiro. Ele dirá sempre que precisa de mais gente e tempo (serão) para concluir o trabalho de um dia. O gerente Y está preso na microgestão e as decisões são sempre tomadas para resolver problemas no curto prazo. A maioria das ações são corretivas e não garantem melhorias duradouras. Os problemas se repetem. A solução, portanto, está na obviedade das horas extras que só aumentam, e na gincana do final do mês se estabelece a cada ciclo de 30 dias.
Agora vamos pular direto para o cenário 3.
CENÁRIO 3 – Investindo em estrutura e máquinas:
O cenário é de baixa produtividade e isso afeta a capacidade produtiva para atendimento da demanda. Porém, desta vez a Empresa W possui recursos para investimento em estrutura e maquinário. Tal como no cenário 1, a Empresa W também não tem o hábito de investir em treinamento e desenvolvimento de pessoas.
O que acontece então? Decide-se por resolver o problema da falta de capacidade produtiva pela compra de maquinário e tecnologia pronta. O que ocorre neste caso é clássico. Sem investigar ou tratar as causas da ineficiência, aumenta-se a capacidade da fábrica, ou seja, duplica-se a capacidade, mantendo-se a ineficiência. O investimento puro em equipamentos mais modernos para cobrir problemas é uma solução viável, mas geralmente, aumenta ainda mais os problemas. Com o novo “brinquedinho”, as novas máquinas, coloca-se um cobertor sobre os problemas recorrentes do dia a dia dos processos na empresa. Mas, por um tempo, todos ficam felizes com a novidade e as perdas nos processos tendem a se manter ou até piorar.
CENÁRIO 2 – O Caminho do Meio:
A Empresa W tem problemas de produtividade que comprometem a sua capacidade de entrega de pedidos. Neste caso os gestores têm consciência plena de seus problemas e decidem investir em treinamento e desenvolvimento de pessoas para que possam vencer as ineficiências com novas formas de organizar o trabalho, de resolver problemas e tomar decisões. Neste cenário, sabem que não há receita mágica e que fazendo essa escolha terão mudanças importantes e duradouras na medida em que avançam no processo de aprendizagem. Sabem que terão resultados de curto, médio e longo prazo. Ao mesmo tempo, tem ciência de que essa escolha exigirá esforço, disciplina e engajamento das pessoas para a construção de resultados que até o momento parecem invisíveis.
Quando a empresa opta pelo cenário 2, o Caminho do Meio, ela está interessada em resolver problemas crônicos e identificar tudo que pode aprender e que está apenas latente até o momento. Com essa escolha, a empresa caminha para responder o seguinte: “e se soubéssemos tudo aquilo que realmente sabemos?”.
O Caminho do Meio é uma excelente alternativa para empresas que desejam construir um ambiente de Cultura Ágil.
O Caminho do Meio é a escolha para aprendizado que vence a escassez e promove a abundância.
Se sua empresa está cansada de apenas falar do mundo dos custos, optar por aprender e envolver as pessoas de verdade é o caminho.
É importante salientar que pelo Caminho do Meio será preciso tratar os colaboradores como adultos responsáveis. O ambiente de aprendizagem deve ser de confiança e colaboração genuína. Tem que haver aprovação estratégica para que os resultados aconteçam de fato.
Finalmente, o mais importante sobre sobre a opção pelo Caminho do Meio. Uma empresa que investe no seu aprendizado, que investe em conhecimento, capacita-se cada vez mais para construir, entregar e capturar VALOR. Esse é o ponto chave. Empresas que têm conhecimento e competência para resolver seus problemas e tomar decisões inteligentes têm chances muito maiores de inovar e de vender seus serviços e produtos e, finalmente, os resultados desejados. Empresas do cenário 3 tendem a somente consumir soluções prontas, limitando assim suas competências organizacionais.
Afinal, como se aventurar pelo Caminho do Meio? Por onde começar? Como iniciar?
Um bom passo inicial é a dinâmica “o que nos tira o sono?”. Vamos a ela: Um bom passo inicial é a dinâmica “o que nos tira o sono?”.
Objetivo: realizar um brainstorm para mapear os problemas e categorizá-los. Com isso, aumenta a consciência e o foco para o processo de início das soluções.
Você vai precisar: post its e canetas hidrográficas.
- Reúna o time de gestores chave da organização numa sala num momento que haja tempo para que vocês possam refletir um pouco. Escolha um dia menos agitado para essa atividade.
- Separe os gestores em grupos de no máximo 05 pessoas. Quanto mais diversificado for o grupo, melhor. Se o time completo foi pequeno, faça em duplas ou trios. É importante não fazer a dinâmica sozinho.
- Distribua post its e canetas para os grupos.
- Contextualize o motivo da reunião e peça para que respondam a seguinte questão: o que nos tira o sono hoje na empresa?
- Discutam em grupos e anotem a maior quantidade de problemas possíveis que realmente tiram o sono dos gestores em relação ao negócio. Não há quantidade ideal de problemas a serem anotados. Deixem fluir as ideias.
- Coloque os post its de cada grupo na parede de forma agrupada. Um grupo de post its para cada grupo.
- Peça para um membro de cada grupo apresentar os pontos elencados pelo seu grupo.
- Analise o que há de similaridade entre os grupos e reúna post its com problemas semelhantes.
- O próximo passo é definir qual dos problemas levantados é mais relevante e precisa ser trabalhado prioritariamente.
Finalizada essa etapa a equipe de gestores terá vivenciado um momento de compartilhamento de impressões sobre os problemas chave da empresa. Essa simples reunião de levantamento de problemas coloca todos na mesma página em relação à realidade do dia a dia existente na empresa.
Esse é o primeiro passo para construção de aprendizagem em equipe, elemento fundamental para que processos de mudança ocorram de forma consistente.
Que tal? Vale experimentar essa dinâmica na sua empresa?